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Fatalidades e coincidências

A maioria das pessoas considera que o homem é dotado de livre-arbítrio e todos nós começamos a vida como se ela fosse uma página ainda em branco. Outros, principalmente aqueles que acreditam nas idéias de destino e fatalidade, entendem que o futuro já se encontra definido e nossa jornada pela vida está predeterminada por algum poder superior.

Estranhas ligações sincrônicas envolvendo acontecimentos marcantes, como os assassinatos dos presidentes Lincoln e Kennedy, dão crédito à segunda possibilidade. Talvez esse tipo de ocorrência seja mais generalizada pois, apesar de acontecerem com bastante freqüência, são ignoradas apenas porque as pessoas envolvidas não são famosas.

Vários incidentes que aconteceram em 1975 podem comprovar o argumento. No dia 21 de julho de 1975, o jornal inglês Liverpool Echo relatou as mortes de dois irmãos, ocorridas em desastres diferentes e com intervalo de um ano. O artigo, que trazia o título "Capricho Cruel do Destino", contava como os dois rapazes, ambos com 20 anos, haviam sido mortos na mesma rua, dirigindo motocicletas. Nos dois casos, o outro veículo envolvido na colisão era exatamente o mesmo taxi, dirigido pelo mesmo motorista e - o detalhe mais surpreendente de todos - conduzindo o mesmo passageiro para o mesmo destino. Essa última particularidade era bastante estranha, uma vez que o passageiro em questão não era um usuário habitual de táxi e não passara nenhuma vez naquela rua no período transcorrido entre os dois acidentes. Finalmente, para completar a singularidade do fato, o jornal informava que os irmãos haviam encontrado a morte aproximadamente na mesma hora e exatamente no mesmo dia, com um ano de diferença.

Outra história estranha envolve as mortes de John e Arthur Mowforth, gêmeos idênticos ingleses, com notáveis semelhanças físicas e psíquicas. Já foi demonstrado também que gêmeos separados no nascimento têm vidas que se assemelham em todos os aspéctos importantes. Mas os médicos e os psicólogos regeitariam a idéia de que gêmeos estivessem destinados a adoecer e morrer ao mesmo tempo. Entretanto, no caso de John e Arthur, mortos na noite de 22 de maio de 1975, aos 65 anos de idade, foi exatamente o que aconteceu.

Precisamente às 21 h, John Mowforth começou a se queixar de fortes dores no peito e foi levado às pressas para o hospital em Bristol. Enquanto isso, a 130 km de distância, em windsor, Arthur Mowforth, que desconhecia completamente as condições de saúde do irmão, sofreu subitamente um colapso. Os dois homens faleceram no hospital naquela mesma noite com uma diferença de alguns minutos, sem que tivessem conhecimento do destino um do outro.

Uma vez que os exemplos acima descritos estabelecem a correlação entre apenas dois incidentes, pode-se considerar que as extraordinárias coincidências são explicáveis pela velha lei da probabilidade estatística. Mas à medida que as tramas do destino vão envolvendo caminhos mais variados, a possibilidade de que tudo não passe de mero acaso gradativamente diminui. O filme A Profecia, cujo tema é a vinda do anticristo, foi realizado também em 1975. Embora tenha se tornado um estupendo sucesso de bilheteria, no ano seguinte, teve sua produção perturbada por uma série de acidentes, doenças e mortes. O autor do roteiro original, David Seltzer, escapou por pouco da morte quando a aeronave em que viajava foi atingida por um raio. Enquanto isso, na mesma noite, Gregory Peck, o ator principal do filme, passou por uma experiência idêntica em outro avião.

O diretor, Dick Donner, ficou seriamente ferido em um acidente automobilístico ocorrido no local das filmagens, enquanto o diretor de efeitos especiais, John Richardson, feriu-se em outro acidente automobilístico no qual um passageiro morreu. No acidente de maior gravidade, dois doublés se machucaram e um tratador morreu, atacado por um leão enfurecido, durante filmagens realizadas em um parque de animais selvagens. Quando o filme foi finalizado, a maior parte do elenco e da equipe técnica declarava-se convicta de que suas desventuras podiam ser atribuidas ao próprio tema da história.

Como devemos considerar esses fatos? Evidências de que há uma força oculta conduzindo os acontecimentos diários da nossa vida? Azar, simplesmente? Deixo que o leitor tire suas próprias conclusões.

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