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Caroneiro

O Interior do Nordeste é repleto de histórias de assombrações, a que vou relatar agora, há um bom tempo vem aterrorizando os motoqueiros daquela região, porém, só fui realmente dar ênfase à essa história quando acompanhei de perto o relato de um homem. Vou chamá-lo de Pedro.

Pelo meu ponto de vista, Pedro era uma pessoa um tanto quanto descrente, não levava nada muito à sério, nem mesmo a própria vida, era bebedor, briguento, farreiro e só andava em alta velocidade em sua motocicleta. Não possuía uma inteligência das melhores, motivo pelo qual me fez acreditar mais ainda em seu relato. Vamos à ele.

Era Janeiro de 2004, época de férias e de maior número de acidentes de moto naquela região, há mais ou menos uns 6 ou 7 anos, rolava uma lenda urbana de um caroneiro fantasma que assombrava alguns motociclistas em um cruzamento de uma estrada de chão que ia de uma pequena cidade à outra, estrada completamente deserta e cercada por plantações e matas; Essa aparição não acontecia com freqüência, acontecia com o irmão, do primo, da tia de um amigo de alguém, sempre com pessoas bem distantes, o que reforçava a lenda.

Em uma tarde de Domingo, estávamos todos bebendo e conversa vai, conversa vem, acabamos chegando na história do caroneiro, Pedro riu, ficou rindo e dizia: “Se esse sem-vergonha pegar carona em minha moto eu cobro a viagem... hua hua hua!”. Falamos sobre o número de pessoas que caiam naquele cruzamento e novamente Pedro caçoava: “Cai porque não pilota! Não tem alma no mundo que me derrube da moto!”, nesse momento me deu uma sensação muito ruim, e ele apenas dava muita risada.

Foi ficando tarde, o sol já tinha se posto a um bom tempo, me retirei para a casa de meus avós e Pedro disse que ia na casa de um amigo e logo depois para a sua, precisava pegar uns DVDs e tinha que ir logo antes que seu amigo fosse dormir. Entrei em casa, liguei a TV, vi um pouco do Fantástico e fui deitar.

No dia seguinte, um amigo meu veio em casa logo cedo e dando muita risada disse: “O Pedro caiu da moto ontem, disse que uma alma penada derrubou ele! Não foi nada grave, torceu o pé mas que foi engraçado foi! Hua hua hua”. Ficamos rindo da situação, e logo fui na casa do Pedro para ver se estava tudo bem. Chegando lá me deparo com um Pedro diferente, o ar de Machão tinha ficado para trás e ali estava um garoto assustado, estava na sala com o pé em cima de uma cadeira, enfaixado, perguntei se estava tudo bem e ele logo respondeu: “Não tá nada bem mermão! Ontem eu tive o maior medo da minha vida!”. Senti vontade de rir, até pensei que ele estava inventando historinhas para cobrir a desculpa que estava bêbado e caiu da moto, mas o depoimento a seguir me fez pensar de novo.

Mal cheguei ele já começou a falar: “ Ontem a noite, quando saí daqui da praça, e fui pra casa do Claudio pegar os filmes, já estava me sentindo bem, tinha até melhorado da cachaça! Tudo estava tranqüilo, até chegar naquele maldito cruzamento. Antes de chegar na árvore, (Nesse cruzamento existe uma árvore centenária, muito velha mesmo) avistei uma presença estranha, parecia uma pessoa, mas não consegui ver suas pernas, era tudo um borrão, acelerei mais a moto e passei com toda velocidade ao lado da árvore, na hora me lembrei do caroneiro, e quando olho no retrovisor não vi mais nada, só poeira, fiquei mais tranquilo, porém percebo que do meu lado estava uma pessoa correndo de quatro como se fosse um cão usando chapéu, ficava rindo e arfando como se estivesse cansado, comecei a tremer inteiro, e aquele ser de repente sai para o lado entrando dentro do mato, comecei a orar e suar frio quando de repente sinto um peso na garupa de minha moto, alguém sentou na garupa comigo à 120km/h, algo impossível e somente dizia uma coisa: ACELERA PEDRO... ACELERA PEDRO... eram várias vozes juntas, mas ao invés de acelerar, diminui a velocidade, diminui muito, a moto derrapou e cai, ficou um silêncio mortal onde eu estava, só o barulho do motor e o farol iluminando um monte de mato, levantei a moto, subi e voltei pra casa por outro caminho, só fui perceber que estava com o pé torcido quando cheguei!”.

Senti que o Pedro não estava mentindo, o cara estava chorando, falei pra ele não brincar mais daquele jeito com o que ele não conhecia e disse para passar uns tempos sem andar de moto, pois nem todo mundo diminui a velocidade na hora do pânico, e com certeza aquele ser sobrenatural não estava querendo só assusta-lo.

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