É noite de plenilúnio. A Lua atinge o ápice de seu majestoso passeio na abóbada celeste. Então, uma força sinistra, que escorre com o luar, aguça os sentidos de um homem. O seu olfato torna-se apurado; a sua audição, requintada. Segue-se, então, a dolorida transformação. O homem, aos poucos, transforma-se em um lobo faminto e feroz. Esvaziado de razão e de humanidade, ele corre sob o luar, sedento de carne e sangue humanos. Ele é todo instinto. Ele é um lobisomem.
Assim é a lenda. Mas, subjacente à lenda, fincada em suas seculares raízes, pode estar um raro distúrbio orgânico, ao qual os cientistas chamam hipertricose. Acredita-se que o mito do lobisomem tenha surgido na Europa devido aos casos dessa singular alteração genética, conforme pontua Nelson Botter Júnior, autor do livro “A lenda do lobisomem Caolho” (www.lobisomemcaolho.hpg.ig.com.br).
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (www.sbcd.org.br), a hipertricose é um crescimento desproporcional de pêlos em qualquer parte do corpo. “A doença pode ser congênita ou adquirida, difusa ou localizada. A distribuição e o número de pêlos variam conforme a raça (pretos e amarelos têm menor pilosidade que brancos), cor, influência genética e constitucional.”
A modalidade da disfunção que, provavelmente, deu origem ao mito dos lobisomens, tem fundamento genético. As faces e outras partes do indivíduo cobrem-se de pêlos espessos, conferindo-lhe uma aparência de lobisomem.
Há casos famosos de hipertricose. Armando J. C. Bezerra, em seu livro “As belas artes da Medicina” (www.portalmedico.org.br/biblioteca_virtual/belas_artes/sumario.htm), registra o interessante caso de Pedro Gonzalez. “Nascido em Tenerife, nas Ilhas Canárias, em 1556, Pedro foi dado de presente à corte de Henrique II, como se fosse um bichinho de pelúcia. Ele teve três filhos (duas meninas e um menino) e um neto, todos com a mesma doença. Em razão de sua inteligência e de sua presença marcante, Henrique II fez dele um de seus mais importantes embaixadores”.
Segundo Bezerra, os González eram vistos como aberrações da natureza, sendo requisitados como espécimes para aulas em alguns países da Europa. “Eram também exibidos durante festas promovidas na corte, como exemplos de ‘como a natureza maligna podia invadir um corpo humano pecador’".
Em nossa história, há o registro de Petrus Gonsalvus, um poderoso comerciante e armador português do século XVII, que instalou importantes empresas no Brasil (confira: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20061014074433AAWHatP&show=7).
Atualmente, os irmãos Fajardo, artistas circenses mexicanos, fazem grande sucesso em razão da aparência singular que ostentam. Os irmãos, mundialmente conhecidos, já estiveram no Brasil, apresentando-se em programas de televisão.
Irmãos Fajardo
Mas é possível que o mito do lobisomem não esteja radicado apenas na aparência física dos indivíduos. O desvio de comportamento de certas pessoas pode ter sido um dos fatores determinantes à criação do mito. “Em psiquiatria – adverte Nelson Botter Júnior - a licantropia aparece como uma enfermidade mental com tendência canibal, onde o doente se imagina estar transformado em lobo e, inclusive, imitando seus grunhidos. Em alguns casos graves, esses pacientes se negam a comer outro alimento que não seja carne crua e bem sanguinolenta.”
Associando distúrbios genéticos a comportamentos animalescos, cria-se um mito. Mas ainda permanece um mistério. Até hoje, não se sabe explicar a influência da Lua como fator catalisador da horrenda mutação.
Homem Lobisomem
O cabela ainda é um mistério. Porque temos tanto na cabeça e porque varia tanto de pessoa para pessoa? Conheça o famoso mexicano que sofre de hipertricose, ou seja, crescimento escessivo de pelos. O seu rosto é repleto de pêlos e somente ele e mais (veja mais...)
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O Lobisomem
Há milhares de anos, uma criatura da noite aterroriza as pessoas do mundo todo. Metade homem e metade animal, feroz e implacável. O que será esse atacante noturno, um ser mágico? Uma criatura mítica? Ou um pouco de cada?
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