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Recife a cidade fantasma
Se houvesse um ranking sobre o tema, Recife seria, certamente, a cidade mais mal-assombrada do Brasil. Dezenas de bairros, dos mais pobres aos de classe média alta guardam histórias estranhas, misteriosas e arrepiantes. Se alguns, mais céticos, não acreditam nas aparições inexplicáveis, os que passaram pela experiência de um contato sobrenatural garantem: estamos cercados de seres do outro mundo. O próprio Gilberto Freyre, impressionado com a quantidade de relatos misteriosos da cidade, escreveu o livro Assombrações do Recife Velho, verdadeira bíblia que passa pelo fantástico mas não se distancia do real. “Pobre da cidade ou do homem cuja história seja só a história natural”, diz o sociólogo na introdução do seu livro.
A Cruz do Patrão é um monumento de Pedra erguido, não se sabe precisamente quando, às margens do Rio Capibaribe. Servia de baliza para os barcos que chegavam para atracar. Além das incríveis histórias de fantasmas, muitas mortes violentas ocorreram na região, ajudando sim, a crescer ainda mais o mito de que o lugar é assombrado.
O Poço da Panela, bairro incrustado entre Casa Forte e Apipucos, possui vários bons adjetivos. Que ele é habitado por um lobisomem e por uma estátua de bronze que ganha vida à noite e sai caminhando pelas ruelas, pouca gente sabe. “Ele é grande, e grunhe como um cachorro”, diz o pescador Carlos Alberto de Lima, mais conhecido como Ninho, 17 anos, que se deparou com o lobisomem sob um frondoso pé de azeitonas. A namorada, que o acompanhava, correu. Ele continuou a caminhar nornalmente e, não satisfeito, voltou para ver de mais perto a aparição. Não havia mais nada no local.
Já a estátua do negro que sai de sua base, próxima à Igreja de Nossa Senhora da Saúde, assusta os pescadores que vivem à beira do Capibaribe e os moradores dos sobrados e casarões. “Quem vê não gosta de falar porque as pessoas fazem zombaria”, diz Jane Cristina, 45, que mora em um enorme sobrado de três andares. “Outro dia, teve uma correria aqui por causa da estátua. Uma zoada danada ao redor da pracinha. Quem passou em frente ao monumento, viu que ela não estava lá”, continua Jane. Curiosamente, a estátua, que está em frente ao busto do abolicionista José Mariano, não está fixada no chão. Há alguns anos, ela foi roubada e, depois, recuperada pelos populares.
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